Robert
Todd Carroll
Dicionário
do Cético
Busca no Dicionário
do Cético
|
|
|
golpe da Nigéria
(fraude do adiantamento para taxas)
O golpe da Nigéria (também conhecido
como o golpe 4-1-9 nigeriano, nome originado da seção
que trata de fraudes no código penal nigeriano), ou
"fraude do adiantamento de taxas", consiste num
apelo de um estrangeiro que necessita desesperadamente de
ajuda para transferir milhões de dólares de sua terra
natal para a conta bancária da vítima. Para ajudá-la,
o estranho promete uma porcentagem do valor. Mais tarde,
será exigido que ela gaste dinheiro para que possa
receber sua parte. Alguns dos golpistas chegaram a montar
um falso site de banco onde se pode conferir a conta e
ver que o dinheiro foi depositado em seu nome. Pessoas
que entraram neste golpe já perderam
milhões de dólares. Embora muitos dos vigaristas
tenham surgido na Nigéria, o conto é mundial e pode vir
de qualquer país. O e-mail é a forma de contato inicial
preferida e a falta de correção gramatical e a forma
excêntrica de usar maiúsculas acrescentam autenticidade
ao apelo.
Abaixo, alguns exemplos de apelos que
recebi [N.T. foi feita uma tentativa de se traduzir
mantendo incorreções gramaticais equivalentes]:.
- DO ESCRITÓRIO DO SR. EGOMAH FELIX, LAGOS,
NIGERIA, um contador do falecido Mark Jones um
Imigrante, que era Homem de negócios e
Empreiteiro em meu País.
No dia 21 de abril de
2001, esse cliente envolveu-se num acidente de
Carro na via expressa Lagos-Shagamu. Todos os
ocupantes do Veículo infelizmente perderam a
vida.
O falecido tem uma conta avaliada em 15,5
milhões de dólares, estive em contato com seu
advogado antes para localizar algum dos parentes
por mais de 2 anos que parece infrutífera.
Agora, busco seu consentimento, para
apresentá-lo como o Próximo dos parentes do
Falecido, você não pode ter o mesmo nome e
Nacionalidade do falecido, isso lhe dá a
oportunidade de ser apresentado.
35% serão dados a você pelo seu
investimento/auxílio na realização bem
sucedida desta transação, 10% serão reservados
para quaisquer despesas Internas e Externas que
teremos no curso da execução desta transação
e 55% serão investidos em meu benefício sob sua
administração.
- Sou o Professor Frank Obi, advogado e sócio da
Richard Akinjide and Co. Sou o defensor do Sr.
James McCullough, expatriado, que trabalhava na
Shell Development Company na Nigéria. Em 21 de
abril de 1999, meu Cliente, sua esposa e seus
filhos sofreram um acidente de carro na via
expressa de Sagbama. Todos os ocupantes do
veículo perderam a vida.
[Obi alega ter 38,6 milhões de dólares, mas
não me disse qual seria a minha parte se eu
concordasse em ajudá-lo a transferir o dinheiro
para fora de seu país.
- Sou oficial do Ministério Federal do Trabalho e
Habitação (FMWH) da Nigéria. O Governo Federal
da Nigéria recentemente criou um grupo de
revisão de contratos do qual sou presidente para
investigar todos os contratos concedidos,
executados e pagos pelo FMWH pelos chefes de
estados militares anteriores. Durante o curso de
nossas atividades, identificamos a quantia de US$
21.500.000 (Vinte e Um Milhões e Quinhentos Mil
Dólares dos Estados Unidos) flutuantes nas
contas do NNPC no Banco Central da Nigéria. Este
dinheiro teria sido transferido para uma conta no
estrangeiro pelos governantes militares e seus
aliados para uso pessoal, se seu regime não
tivesse terminado em maio de 1999. Também
acreditamos que se relatarmos a existência desse
dinheiro às autoridades presentes, estas iriam
querer o dinheiro para seu uso pessoal e poderiam
fabricar histórias para nos desacreditar no
processo. Devido às leis domésticas existentes
que proíbem que servidores civis abram, operem e
mantenham contas no estrangeiro, não temos o
conhecimento para transferir o saldo desses
fundos para uma conta estrangeira por nós mesmos
sem a ajuda de um sócio estrangeiro. Além
disso, o dinheiro só pode ser liberado pelo
Banco Central como um pagamento de contrato a uma
empresa estrangeira por um contrato que já foi
executado pelo FMWH. Assim fui delegado por
questão de confiança por meus colegas do grupo
para procurar por um sócio no exterior para cuja
conta depositaríamos os fundos e cujos recursos
usaríamos para legalizar a transferência. Por
isso estamos enviando a você esta carta.
Combinamos de dividir o dinheiro assim- 25% para
o dono da conta (você) 70% para nós (os
oficiais), 5% para diversos. Pretendemos usar a
maior parte da nossa fatia de 70% para comprar
imóveis em seu país e também para comprar
maquinário agrícola para ser importado para o
nosso país. Por favor observe que esta
transação é 100% segura e que temos um plano
de ação detalhado que tornará a transação
completamente legal.
- Sou o Dr. Philip William, cidadão do Quênia,
trabalho na Nigéria como Médico com o Hospital
Especialista do Governo do Estado de Lagos.
Tive
um caso de um homem que sofreu um acidente e foi
levado às pressas ao hospital por bons
Samaritanos. Liderei uma equipe de médicos para
operá-lo, mas infelizmente o perdemos.
Ao vasculhar sua maleta para permitir que eu
emitisse um atestado de óbito e informações
para as autoridades competentes visto que ele era
um estrangeiro, descobri que ele era um cidadão
da Alemanha a negócios na Nigéria. Pesquisas
posteriores revelaram documentos com os quais ele
depositou a soma de 18 Milhões de Dólares numa
Empresa de Courier Diplomático e evidências da
transação (uma foto do dinheiro).
[Williams só me ofereceu 20%, mas disse que
doaria 10% para um orfanato]
- Sou o Sr Femi Kuye, O gerente, Contas e Câmbio
no Departamento de Remessas Estrangeiras de um
respeitado Banco da África. Escrevo esta carta
para pedir seu auxílio e cooperação para levar
adiante esta oportunidade de negócios do meu
departamento. Descobrimos uma quantia abandonada
de $12.000.000,00. [30% para quem ajudar Kuye].
- Você pode estar supreso [sic] por receber este
email já que não me conhece. Sou filho do
falecido presidente da República Democrática Do
Zaire, President Mobutu Sese Seko, (agora A
República Do Congo, sob liderança do filho do
Sr. Laurent Kabila). Presumo que você esteja
ciente de que há uma disputa financeira entre a
minha família (OS MOBUTUS) e o presente Governo
civil.
[Não,
nunca ouvi falar de você ou da disputa do seu
governo, mas pelos 20% dos US$ 30.000.000
ofertados, posso fingir conhecer essas coisas.
Este sujeito alegou que "estou atualmente no
campo de refugiados das nações unidas aqui na
Holanda e posso ser contactado pelo telefone
+31-613364615". Liguem para ele.
Provavelmente ainda está lá. ]
- De MICHEAL SANKOH JUNIOR.
NECESSITA-SE DE
AUXÍLIO URGENTE COM CONFIANÇA ABSOLUTA EM DEUS
E DEVIDO RESPEITO A VOCÊ, ESCREVO-LHE ESTA CARTA
QUE ACREDITO QUE VOCÊ ME SERIA DE GRANDE
AUXÍLIO E MANTERIA A INFORMAÇÃO CONFIDENCIAL E
PARTICULAR. SOU MICHEAL SANKOH JUNIOR, FILHO DE
FODAY SANKOH, O LÍDER REBELDE DAS FACÇÕES EM
GUERRA DE SERRA LEOA, SOU ABSOLUTAMENTE CONTRA AS
INTERMINÁVEIS CRISES POLÍTICAS EM MEU PAÍS QUE
RESULTARAM EM DESTRUIÇÃO MISSIVA DE VIDAS
HUMANAS E PROPRIEDADES QUE ESTÃO ATUALMENTE NOS
NOTICIÁRIOS MUNDIAIS. NESTE ÚLTIMO ATAQUE DAS
FORÇAS. EU FUGI PARA A HOLANDA COM A AJUDA DE
SOLDADOS DAS NAÇÕES UNIDAS QUE ESTÃO LÁ EM
MISSÃO DE PAZ. AO CHEGAR EM AMSTERDAM, FUI
DIRETAMENTE AO CAMPO DE ASSILADOS [sic], PARA
PROCURAR ASSILO [sic] POLÍTICO, FUI ACEITO,
ANTES DA GUERRA MEU PAI DEPOSITOU O VALOR TOTAL
DE $15,5 MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS NUMA
COMPANHIA DE SEGURANÇA EM AMSTERDAM, COMO BENS
FAMILIARES. [Junior só ofereceu 15%.]
- SOU A SRA. SESE-SEKO VIÚVA DO FALECIDO
PRESIDENTE MOBUTU SESE-SEKO DO ZAIRE?
[US$18.000.000 nesta, mas a única promessa é de
que o filho dela iria "me incluir nos
negócios".]
- Meu nome é SR. FRANK WINPOE da Libéria, país
do Oeste da África. Meu Tio é o SR. JOHN Y.
WINPOE, ex-MINISTRO DEPUTADO DA SEGURANÇA
NACIONAL da LIBÉRIA. Meu tio foi falsamente
acusado de tramar a remoção do PRESIDENTE DA
LIBÉRIA (CHARLES TAYLOR) do cargo. Sem
julgamento, Charles Taylor o matou. [A oferta foi
um "percentual negociável" de US$ 28
milhões.]
- Sou AVAN UNOKO filho do Sr UDO UNOKO, fazendeiro
que foi morto em disputa de terras no meu país
[África do Sul]. [Fazendeiros ganham muito
dinheiro na África, creio eu, já que este
sujeito tem US$ 14 milhões guardados e eu
poderia ter ganho 15% para ajudá-lo a transferir
o dinheiro].
A maioria das cartas termina com "obrigado, e que
Deus o abençoe".
Há diversas variações desse golpe. Uma delas
consiste em alegar que você ganhou numa loteria em que,
naturalmente, não entrou. A fim de receber os milhões,
é preciso gastar alguns milhares de dólares para o
pagamento de uma autoridade aqui, uma propina ali, uma
taxa acolá, etc.
As pessoas realmente cedem a esses apelos? Sim. Tenho
diante de mim um artigo do The Sacramento Bee (12
de março de 2005) sobre um nigeriano chamado Roland
Adams que foi sentenciado a 97 meses de prisão pela
participação num desses golpes. O artigo alega que ele
ajudou a tapear cerca de 20 "vítimas distribuídas
pelo mundo tomando-lhes mais de US$ 1 milhão". Ele
montou o BankofAfrica.com, um site bancário falso, e
dava às vítimas uma senha especial com a qual podiam
ver quando dinheiro havia sido "designado" para
ser transferido para suas contas, assim que pagassem as
taxas para cobrir a transação. Segundo o artigo,
algumas das vítimas perderam centenas de milhares de
dólares.
Uma delas, Margie Ziereis, do estado de Wisconsin,
disse que tinha a expectativa de receber US$ 50 milhões
por permitir que Adams depositasse US$ 150 milhões em
sua conta bancária. Transferiu para ele US$ 8.000 para
pagar uma "taxa de transação". Naturalmente,
jamais foi depositado nenhum dinheiro na conta da
vítima.
Aconselha-se que qualquer pessoa que tenha sido
vítima de uma variação desse golpe nos EUA entre em
contato com o escritório
local do Serviço Secreto.
leitura adicional
leitura adicional
Levine,
Robert. The Power of Persuasion - How We're Bought and
Sold (John Wiley & Sons 2003).
Stein,
Gordon. Encyclopedia of Hoaxes (Prometheus,
1993).
Stein,
Gordon e Marie MacNee. Hoaxes!: Dupes, Dodges &
Other Dastardly Deceptions (Visible Ink Press 1995).
Steiner,
Robert A. Don't Get Taken: Bunco & Bunkum Exposed
- How to Protect Yourself (Wide-A-Wake Books,
1989).
|