sd.gif (2133 bytes)
Robert Todd Carroll

 the truth is in here!
Dicionário do Cético

Busca no Dicionário do Cético




Busca Avançada

vertline.gif (1078 bytes)  

visão vinílica

"Visão vinílica" é a capacidade de enxergar padrões nos sulcos de discos de vinil e identificar gravações musicais corretamente, sem o auxílio dos selos de identificação. Só há registros de uma pessoa com essa fantástica capacidade: o Dr. Arthur B. Lintgen, que demonstrou seu talento a ninguém menos que James Randi. Embora este tenha prometido pagar US$ 10.000 a qualquer pessoa que demonstrasse um poder paranormal, a habilidade de Lintgen é apenas anormal. Assim, seu prêmio foram apenas poucos momentos de fama.

Ele usava a percepção sensorial comum, seu vasto conhecimento sobre a música orquestral a partir da época de Beethoven e sobre as gravações dessa música, e a inferência dedutiva a partir de regras gerais desse tipo de música. Assim que isso foi descoberto, a mídia e o público perderam o interesse. Embora Lintgen continue tendo um séquito de crentes com fé cega em seus poderes psíquicos, conseqüência de façanhas como identificar a Quinta Sinfonia de Beethoven do outro lado de uma sala, sem sequer olhar para o disco, muitos o consideram uma pessoa decente por não abusar dos crédulos com seus poderes. Admitiu, por exemplo, que a "quinta" de Beethoven era a gravação que mais pediam que ele identificasse (Seckel). Estava simplesmente dando um palpite bem informado, e não usando poderes psíquicos, quando identificou o disco sem olhar para ele.

Lintgen não afirmou poder ler notas individuais nos sulcos do disco. "O truque é examinar a construção física da gravação e atentar para o tempo relativo de execução de cada um dos movimentos ou separações na gravação" (Seckel).

Todos os sulcos fonográficos apresentam diminutas variações de espaço e contorno, dependendo da dinâmica e da freqüência da música gravada neles. Lintgen afirma que os sulcos que contêm passagens suaves têm aparência negra, ou cinza-escura. À medida em que a música se torna mais alta ou mais complexa, os sulcos se tornam prateados. Acentuações percussivas são marcadas por pequenas "marcas dentadas". O médico relaciona o que vê com o que conhece de música, associando os padrões nos sulcos com formas composicionais (Time, 4 de janeiro de 1982).

Segundo Lintgen, uma sinfonia de Beethoven tende a ter um primeiro movimento ligeiramente mais longo em relação ao segundo, enquanto que Mozart e Schubert compõem de forma que cada movimento, em muitos casos, têm o mesmo número de compassos. Beethoven, porém, adotou uma nova orientação e isso alterou a dinâmica das gravações. Além disso, se houver um começo lento e sonoro, pode-se examinar a gravação nesse ponto e observar um longo sulco ondulado, que não deve conter os picos agudos que identificariam percussão aguda (Seckel).

Lintgen apareceu no programa "That's Incredible" [Isto é Incrível], da rede de televisão ABC-TV, em 1981. Ao vivo diante de uma platéia no auditório do Abington Hospital, próximo da Filadélfia, foi testado por Stimson Carrow, professor de teoria musical da Temple University. Identificou corretamente 20 das 20 gravações, apenas através do estudo dos sulcos dos discos (Holland).

Admitiu ter usado apenas seu conhecimento, experiência e poder de raciocínio para realizar esse feito extraordinário. "Eu tenho conhecimentos da estrutura musical e da literatura," afirma, "e posso relacionar essa estrutura com o que vejo. Passagens altas refletem a luz de forma diferente.... As gravadoras ampliam os sulcos nas passagens fortes; estas possuem um aspecto mais serrilhado, como dentes de serra. Também conheço a aparência que têm as prensagens dos diferentes selos, de forma que muitas vezes consigo descobrir quem está regendo" (Holland). Ele consegue, ocasionalmente, descobrir a nacionalidade da orquestra, capacidade que surpreendeu até mesmo James "O Espetacular" Randi. Nos testes que este aplicou em Lintgen, o médico não só identificou corretamente uma gravação como também anunciou que a orquestra era alemã. O disco, ele diz, tinha uma borda elevada, característica apresentada unicamente pelo selo Deutsche Grammophon. Também observou haver "falta de sujeira entre os sulcos", a partir do que Lintgen inferiu que a gravação era digital. Ele também sabia que a "Deutsche Grammophon, até aquela época, havia gravado somente orquestras alemãs em seus discos digitais" (Seckel).

Lintgen descobriu sua habilidade incomum numa festa, em meados dos anos de 1970. Alguns amigos disseram que ele conhecia tanto sobre música que provavelmente poderia ler os sulcos dos discos. Ele o tentou e descobriu que, contanto que as gravações fossem de música que ele conhecia -- música orquestral desde Beethoven à atualidade -- conseguia um alto índice de sucesso.

leitura adicional

©copyright 2002
Robert Todd Carroll

traduzido por
Ronaldo Cordeiro

Última atualização: 2003-06-24

Índice