Nas religiões ocidentais do Judaismo, Cristianismo e Islamismo, Deus é o único e Supremo Ser, o Criador de tudo.
Nada existe excepto o que Deus quer. Deus é omnipotente, omnisciente, omnipresente, bondoso e eterno. Deus não teve inicio e não tem fim. O mundo e o que o constitui foram criados por Deus com um propósito. Deus criou os seres humanos para conhecerem, amarem, honrarem, servirem e obedecerem a ele. Deus deve ser pensado em termos masculinos, apesar de ser um puro espirito e não ter partes materiais ou corporais. Os humanos serão julgados após a morte pelo modo como realizam o plano que Deus tinha para eles. Os que falharam, os pecadores, serão punidos por toda a eternidade. Os que foram bem sucedidos serão recompensados para a eternidade. A natureza exacta do prémio ou do castigo é bastante discutida, mas todos parecem concordar que os recompensados sê-lo-ão na presença de Deus e os outros não.
Deus é representado como uma figura paternal, de acordo com a antiga estrutura familiar patriarcal. Deus protege a sua família, mas tambem a governa e os seus mandamentos devem ser obedecidos.
Para os Cristãos, Jesus da Nazaré é a manifestação humana de Deus. Para a maioria dos Cristãos, isto significa que Jesus é ao mesmo tempo humano e divino. Esta doutrina é conhecida como a Encarnação e é considerada um mistério da fé. Ou seja, o como um ser pode, ao mesmo tempo, ser humano e divino transcende a compreensão humana. A razão e a lógica não podem demonstrar a verdade de tal crença, a sua base tem de ser a fé.
Deus anuncia mandamentos e esses são a base da moral. Ser uma pessoa boa é obedecer aos mandamentos de Deus. Aparentemente, se Deus mandasse os humanos cometerem assassínios, isso seria moralmente justificável. Mas, como Deus é bom, não precisamos de nos preocupar que ele possa mandar fazer algo mau. A sua Natureza proibe-o.
Um ateu tem de acreditar que os humanos criaram Deus e não o contrário. Dizer que o homem criou Deus é dizer que a grande maioria dos humanos estão ilududos. Como explicar a origem desta ilusão e a sua persistência?
Foi argumentado por filósofos como Thomas Hobbes e Baruch de Spinoza que a crença em Deus se origina no medo e na superstição. Outros, como Sigmund Freud e Karl Marx, defenderam que esse engano subsiste devido ao desejo de um pai protector e imortalidade, ou como um ópio contra a miséria e sofrimento da existência humana.
Os crentes em Deus pensam ou que existem provas para suportar a sua crença ou que não há razão para não acreditar em Deus. Os primeiros muitas vezes iludem-se pensando que razões fraudulentas, fracas, não suportadas, etc são substanciais. Os ultimos iludem-se a eles mesmos vendo os ateus como teimosos e não querendo arriscar o erro por uma possivel, sublime verdade. Como podem estas ilusões ocorrerem?
Os dois tipos de crentes partilham uma coisa: querem acreditar tanto na sua ilusão que se auto-iludem pensando que são perfeitamente racionais e razoáveis na busca da sua ilusão ou que os ateus são irracionais e irrazoáveis na rejeição do mesmo. Muitos partilham tambem outro ponto comum: a sua crença dá-lhes um sentimento de poder e superioridade, muitas vezes levando-os a destruir qualquer coisa que se lhes oponha, e a lançar bençãos sobre as misérias do mundo, incluindo as que eles próprios causaram. Estes crentes snetem que teem o poder do conhecimento esotérico. Não só tempera a sua vida; dá~lhe um significado e sentido que de outro modo não teriam.
Para muitos crentes, contudo, a crença em Deus é algo que teem por garantido toda a vida. A crença dá ordem e significado às suas vidas. Junta-os a uma comunidade de crentes, dando-lhe confiança em si e na sua crença. A crença é validada por todas as pessoas importantes da sua vida. Se crescer com fadas, torna-se um candidato a acreditar em fadas. Se cresce com Deus, se todas as pessoas importantes na sua vida reforçam a crença em Deus, verá em todo o lado provas para o que no seu coração sabe que é verdade. Reinforço comunal da crença em Deus pode ser a força que a faz parecer tão razoável aos crentes.
O reinforço da crença é finalizada pela autoridade de alguns respeitáveis, inteligentes e gentis espiritos. As pessoas podem não acreditar em Deus só porque algum santo ou cientista ou Prémio Nobel de literatura dá a sua aprovação, mas as pessoas sentem-se mais confortadas na sua crença se acreditam que estão em boa companhia.
Como uma criança que cresceu num mundo de anjos, comunhão solene, Deus, Pai, Filho e Espirito Santo, e Jesus o Divino Salvador, a falta de lógica e racionalidade não era notada. Parecia natural acreditar tanto na Transubstanciação como na electricidade. Aprendia matemática ao lado do catecismo, e o absurdo de tal paralelo nunca atingiu nenhum de nós. Penso que para muitas pessoas é tão natural acreditar em fadas, bruxas ou mau olhado como acreditar que o fogo é quente. Mas isso é irrelevante quanto a saber se há fadas, bruxas, deuses, etc.
O crente considera que a sua vida faz mais sentido se Deus existe. Então porque é que para mim e outros ateus tudo faz mais sentido se não houver Deus? Porque é que o universo me parece mais inteligível como um mecanismo não desenhado e governado apenas por forças naturais e impessoais?
Olho para o universo e para o que sei dele e parece-me que a sua alegada perfeita ordem e desenho é muito imperfeito. Olho para pontos particulares que são maravilhosos na função mas ridiculos no desenho e sou levado a pensar que nenhum ser omnisciente desenharia desse modo. Não é necessário olhar para as coisas más para marcar esta posição. Por exemplo, o olho humano e o cérebro e a rede de nervos, tecidos, neurónios, etc, que produzem a visão é uma maravilha, mas nenhum humano que desenhasse, por exemplo, uma câmara para imitar o desenho do olho, daria tantas voltas. Esperaria que um ser omnisciente usasse um desenho muito mais simples para o olho e para o universo. A própria complexidade das estruturas indica, como Clarence Darrow notou, a falta de desenho e o resultado de forças naturais trabalhando sem nenhum propósito particular em mente.
O conceito de um ser magnificente responsável por tudo mas que brinca às escondidas num jogo cósmico leva-me a perguntar: Como pode Deus ser tão frívolo? A própria ideia da criação, mandamentos, recompensas e castigos não esclarece nada. Quando era criança aprendi a resposta à questão "Porque é que Deus me criou?" e a resposta era "Para O conhecer, amar, honrar, servir e obedecer." Na altura soava bem. Tinha este dever misterioso e solene para com um ser que apenas se revelava em ocasiões especiais e a pessoas selecionadas. Estou certo que na altura cada um desejava ser escolhido para uma revelação especial. Agora, quando ouço pessoas que dizem terem visões ou ouvindo vozes que pensam divinas, ou pessoas que praticam actos mágicos e miraculosos, pergunto-me, seguindo David Hume, o que é mais provável? que Deus fale a essa pessoa ou que ela esteja enganada ou a enganar-nos? O que é mais provável, que as leis da natureza tenham sido violadas por poderes especiais ou que tenha havido engado, erro, fraude? Nunca hesito na resposta. Qualquer pessoa razoável, mantendo os mais básicos principios de racionalidade, não pode acreditar em visões divinas, vozes ou milagres com base em testemunhos, mesmo em primeira mão, sem abandonar esses mesmos principios.
De acordo com os ateus, Deus foi inventado não uma vez, claro, mas muitas vezes em muitas culturas. As semelhanças da invenção devem-se às semelhanças da natureza e experiência humanas. Nascimento, sexo, sofrimento e morte são universais. As imagens de Deus e das experiências divinas, bem como a utilidade da invenção, reflectem-se na universalidade das experiências partilhadas.
Para muitos, acreditar em Deus é acreditar que se não houvesse Deus estariam livres para cometer qualquer crime, por pior que fosse. A unica coisa que os detém, dizem, é que foram ordenados por Deus para não roubarem, matarem, etc. Dizem que as suas vidas não teriam sentido se não fossem as ordens do alto a dizer o que devem fazer com ela. Mas que sentido tem uma vida que se baseia apenas numa obediência cega a ordens? Já vimos muitas vezes ao longo da historia os efeitos da obediência cega para a considerar positiva.
Ver William of Ockham e milagres.
Links
Berman, David. ed. Atheism in Britain, 5 vols., (Bristol, UK: Thoemmes Press, 1996).
Darrow, Clarence. Absurdities of the Bible
Freud, Sigmund. The Future of an Illusion (1927).
Hobbes, Thomas. Leviathan (1651), ch. XII, "Of Religion."
Johnson, B. C. The Atheist Debater's Handbook (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1981).
Martin, Michael. Atheism : a Philosophical Justification (Philadelphia: Temple University Press, 1990).
Rachels, James. "God and Human Attitudes," em Religious Studies 7 (1971). Republicado em Philosophy and the Human Condition, 2ª ed. (Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1989), pp. 509-518.
Smith, George H. Atheism: the Case Against God (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1979).
Smith, Homer. Man and His Gods, prefácio por Albert Einstein (Boston: Little, Brown and Company, 1952).
Spinoza, Baruch de. Theologico-Political Treatise (1670).