"Nos ultimos trinta anos não se conseguiu provar com qualquer evidência sólida que a terapia psicoanalitica é superior a terapia placebo." (Hines, p. 133)

Psicanálise

A psicanálise é o avô de todas as psicoterapias pseudocientificas, secundada apenas pela Cientologia como campeã de afirmações falsas sobre a mente, a saude e a doença mental. Por exemplo, em psicanálise, esquizofrenia e depressão não são desordens neuroquimicas, mas sim desordens narcisisticas. Autismo e outras desordens cerebrais não são problemas quimicos do cérebro mas problemas com a mãe. Estas doenças não requerem tratamento farmacológico. Requerem terapias de "conversa". Posições semelhantes são tomadas para a anorexia nervosa e o sindroma de Tourette. (Hines, p. 136) Quais as provas para esta visão psicanalitica e para o seu tratamento? Nenhumas.

Tratava uma perna partida com terapia de "conversa"? Claro que não. Imagine a reação de um diabético se lhe dissesse que a sua doença se devia a um "conflito masturbatório" ou "eroticismo deslocado." Tambem podemos dizer que o paciente está possuido por demónios. Exorcismo de demonios pelo padre, exorcismo da infancia pelo psicanalista: qual a diferença? Então porque é que há quem defenda que desordens neuroquimicas ou outras fisicas são causadas por experiências traumáticas ou sexuais (ou ambas) na infância que foram reprimidas ou sublimadas? Provavelmente pelas mesmas razões que levam os teólogos a não abandonarem os seus elaborados sistemas de pensamento face à evidência de que os seus sistemas de crenças não são mais que treta metafisica. Conseguem o reenforço institucional para os seus papéis e ideias criados socialmente, muitas das quais não resistem a testes empiricos. Se essas noções não podem ser testadas, não podem ser negadas. O que não pode ser negado, e tem por trás uma instituição poderosa, pode durar séculos como respeitável e válida, não obstante o seu vazio fundamental, falsidade ou capacidade para prejudicar.

O conceito mais fundamental da psicanálise é a noção de que o inconsciente é um reservatório para memórias reprimidas de acontecimentos traumáticos que influenciam continuamente os pensamentos e o comportamento conscientes. Falta a prova cientifica destas noções de um "inconsciente" e de um mecanismo de "repressão", bem como qualquer prova de que o pensamento ou o comportamento conscientes são influenciados por memórias reprimidas. Relacionado com estas assunções questionáveis da psicanálise existem dois metodos questionáveis de investigar as alegadas memórias escondidas no inconsciente: associação livre e interpretação dos sonhos. nenhum dos métodos é capaz de formulação cientifica ou de testes empiricos. Ambos são cheques em branco metafisicos sem qualquer coberturas da realidade.

Investigações cientificas de como a memória funciona não apoiam os conceitos de memórias traumáticas (de infancia ou não) reprimidas para o inconsciente. Há ampla prova científica de que existe um tipo de memória da qual não estamos conscientes , mas que é recordada.Os cientistas referem-se a esse tipo de memória como memória implicita. Há provas de que para termos memória se torna necessário o desenvolvimento extensivo dos lóbos frontais, o que falta às crianças. Tambem as memórias devem estar codificadas para serem duradouras. Se isto falta temos a amnésia, bem como no caso dos sonhos. Se a codificação á fraca, as memórias fragmentadas e implicitas é tudo o que restará da experiência. Ou seja, a possibilidade de recordações de infância de abusos, ou outra coisa, é próxima do zero. Memórias implicitas de abusos acontecem, mas não debaixo das não debaixo das condições assumidas como base para a repressão. Memórias implicitas de um abuso acontecem quando a pessoa fica inconsciente durante o ataque e não consegue codificar a experiência profundamente. Por exemplo, uma vitima de violação não consegue recordar que foi violada. O ataque foi feito num pátio de tijolos. As palavras "tijolo" e "pátio" surgem-lhe na memória mas não as liga à violação. Fica perturbada quando a levam ao local, mas não se lembra do que aconteceu aí. [Schacter, p. 232] Não é provável que hipnose, livre associação, ou outras terapias ajudem a vitima a recordar. Ela não tem memória explicita porque não foi capaz de codificar o trauma devido ao ataque a ter feito perder a consciência. O melhor que um psicanalista ou outro terapeuta de memórias reprimidas pode fazer é criar uma falsa memória na vitima, abusando dela mais uma vez.

Ligado essencialmente à visão psicanalitica da repressão é o assumir que o tratamento dos pais, especialmente a mãe, de uma criança é a fonte de muitos, se não todos os problemas dos adultos, desde desordens de personalidade a problemas emocionais a doenças mentais. Não se duvida de que se uma criança é tratada cruelmente a sua vida de adulto ficará afectada por tal tratamento. Mas é uma grande salto conceptual passar deste facto para a noção de que todas as experiencias sexuais da infancia provoquem problemas no futuro, ou que todos os problemas do adulto, incluindo os sexuais, são devidos a problemas de infância. As provas para estas noções não existem.

A terapia psicanalítica baseia-se na busca do que provavelmente não existe (memórias de infância reprimidas), um assumir do que provavelmente é falso (as experiências de infância provocam os problemas do paciente), e uma teoria terapeutica quase sem possibilidade de estar correcta (que trazer as memórias reprimidas ao consciente é essencial para a cura). Claro que isto são as fundações de um conjunto de elaborados conceitos cientificamente sonantes que pretendem explicar os profundos mistérios da consciência, pensamento e comportamento. Mas se as fundações são ilusórias, qual pode ser o futuro desta ilusão?


Links

Hines, Terence. Pseudoscience and the Paranormal (Buffalo, NY: Prometheus Books, 1990).

Feinberg, Todd E. and Martha J. Farah. editors, Behavioral neurology and neuropsychology (New York : McGraw-Hill, 1997).

Gold, Mark S. The Good News About Depression : Cures and Treatments in the New Age of Psychiatry (New York: Bantam Books, 1995).

Pincus, Jonathan. and Gary. Tucker. Behavioral Neurology, 3rd ed. (New York: Oxford University Press, 1985).

Schacter, Daniel L. Searching for Memory - the brain, the mind, and the past (New York: Basic Books, 1996).

recuarhome